ROTEIRO DO ESPETÁCULO ACROBATAS NA CURVA DO TEMPO
Da
Montagem do Espetáculo
O espetáculo estará sendo construído e
ensaiado nos 4 sítios rupestres, precedido das visitas programadas para as
pesquisas das artes rupestres que estarão sendo agregadas ao espetáculo. A cada viagem e ensaio do espetáculo haverá
uma apresentação de resultados para a comunidade de entorno do Sítio rupestre.
A grande estréia será na cidade de São Raimundo Nonato.
Com o apoio do BNB Cultural, estaremos
circulando este espetáculo após o término do presente projeto.
Todo o processo estará sendo
registrado em vídeo, pois nossa instituição dispõe de um Laboratório de Imagem
e Som- LIS, que disponibilizará todos os equipamentos necessários.
Os jovens que integram a experiência a
cada expedição voltam com o desafio de montar o mesmo espetáculo com seus
educandos em seus respectivos projetos, agregando a cada expedição os
resultados obtidos, de forma que o processo de ensaio não pare em função das
distâncias entre os projetos envolvidos, e essas trupes de aprendizes apresentarão
também os resultados para suas comunidades em forma de aulas-espetáculos.
Roteiro do Espetáculo
ACROBATAS
NA CURVA DO TEMPO – A GIRA DOS TEMPOS
O espetáculo é uma celebração do que é
belo e bom. O amor, a amizade, o riso
solto, a festa e o encontro. O tempo não é uma linha que corre e vai deixando
para trás tudo o que passou e já está lá na frente fazendo o futuro e
esquecendo o presente. O tempo é curvo.
O tempo volta e se refaz outra fez, a cada vez, mais uma vez.
O tempo é roda, é gira, é espiral
solta no ar. O que foi ainda é e sempre será.
Acrobatas são todos os que desafiam a
lei da gravidade, que ficam de ponta cabeça e fazem um mundo ao contrário.
Equilíbrio, força, flexibilidade e muita coragem é dessa matéria que são feitos
os Acrobatas.
Nas pinturas milenares da Serra da
Capivara encontramos nossos irmãos irmãs e com eles saltamos juntos prá dentro
da vida. Vida Severina dizia o poeta, vida dura, vida de misérias e de pouco
para ser divididos com tantos.... Mas é no salto que a Vida se faz mais vida, é
na roda que ela se impõe ao medo e vence a morte.
Este espetáculo é dedicado a todos os
que amam a vida e são capazes de dedicar toda a vida e defender que a Terra
seja de todos. É especialmente dedicado aos que por séculos protegeram as
pinturas de nossos antepassados e aos que ainda hoje lutam tanto para garantir
que a voz escrita nas pedras chegue as novas gerações.
Roteiro
do Espetáculo Acrobatas na Curva do Tempo
Roteiro baseado no resultado da Expedição
Acrobatas da Serra da Capivara realizada pelo Instituto de Ecocidadania Juriti.
Alice Viveiros de Castro
Cena
1
(Som) – som de floresta, pássaros,
pios, rio que corre manso, vento na folhagem, sons difusos que pouco a pouco
incorporam alguns ritmos, batuques esparsos, sons na moringa e ao longe e
discretamente um pedaço da melodia do canto dos krahôs.
(Fusão) o som vai se misturando, a
percussão se intensifica e vai se transformando num moderno batidão. Hip hop,
funk, qualquer coisa semelhante.
Cena
2
A Galera – a Galera chega para o
baile. Estão felizes, brincam e logo começam a se exibir. Fazem juntos
coreografias típicas, um faz o moon-walk, o outro ensaia umas acrobacias de hip
hop, giros no chão, saltos, muita presepada. Todos se exibindo felizes.
No meio deles está Macaúba. O palhaço.
Palhaço sem nariz, palhaço sem pintura. Todo sem jeito e muito feliz. Feliz
demais. Riso solto, riso bobo. Que provoca o riso dos outros. E o tolo ri mais
ainda.... ensaia uns passos malucos, erra a coreografia, se torce todo para
tentar imitar os outros. Risos gerais e
um grita, só para chatear: “Dança Macaúba!” ao que o palhaço imediatamente
retruca, cheio de brios: “Eu sou eu,
Macaúba é o Coco!”
Esse bordão acompanha o palhaço por onde ele for.
O grupo vai se desfazendo saindo de
cena aos poucos. A luz é muito importante para fazer essas transições....
Cena
3
O Grupo – o grupo é formado por índios
de diferentes matizes. A caracterização é sutil. São detalhes na cabeça, no pulso, nas pernas. Pinturas no corpo, mas sem
exageros ainda. A música faz a transição e o grupo vai chegando, brincando
e saltando. É preciso marcar que os saltos são bem livres, sem ponta de pé, sem
abusar da linha.
E lá no meio do grupo, vestido de
índio,mas, bastante ridículo vemos ele, o palhaço,
aquele mesmo que era chamado de Macaúba.... E os amigos do grupo riem de seus
pulos sem jeito, de sua cara de paspalho e logo alguém grita: “Pula, Embaúba!”. E o palhaço, cheio de brios retruca:
“Eu sou eu, Embaúba é a árvore!
Cena
4
A mistura –
Com a ajuda dos telões para projeção, ou melhor, ainda com os tecidos que fazem parte do cenário começamos a projetar cenas da pré-história e de hoje....
Os grupos se misturam. A Galera fica na linha da frente do palco e o Grupo vai
tomando a parte de trás. A luz separa os grupos e transforma o Grupo em algo
etéreo, corpos em outra dimensão. A essa altura o grupo já está coberto de barro, o que aumenta a sensação de que
eles são quase uma miragem.
Nesse momento podemos ter números
diferentes. É importante ressaltar que para o desenvolvimento da história a
ordem dos números não é tão relevante assim.
Podemos fazer um jogo de diabolôs,
ou cenas de contorção que acontecem
nos dois planos. Ou ainda utilizar outras habilidades do grupo. Equilíbrio de objetos; Dança na corda,duas cordas uma em cada zona e montar
um número que se complemente e se espelhe..... muitas possibilidades. O que
importa é que nesse momento a Galera e o Grupo estão em cena fazendo atividades
semelhantes e complementares, mas ainda não estão juntos.
A única pessoa que consegue estar nos
dois grupos ao mesmo tempo é o Palhaço.
É o Carnaúba/Embaúba. Seus amigos não se dão conta de que ele passeia de um
tempo para o outro.
Cena
5
Os meninos.
Carnaúba/Embaúba tem um amiguinho em cada um dos tempos. E ao passear entre os tempos acaba
levando-os de lá para cá. Os dois se estranham, mas só um pouquinho.... Como
meninos de todos os tempos logo ficam amigos inseparáveis.
Cena
6
Caio e Luz
Quando os grupos começam a sair de
cena deixando Macaúba e os meninos
para trás brincando subir um por sobre o outro, a luz vai se transformando e a
música também. Em cena ficam Caio e Luz. É o amor atravessando o tempo. Pas de deux, mão a mão, tecido e corda.
Os dois dançam ao som de Lua Morena.
Macaúba e os meninos trazem os potes
de tinta e o casal se pinta.
Cena
7
Eu sou eu, Embaúba é a árvore. – o
Grupo volta e tenta separar Caio e Luz. Cantam os cânticos sagrados e dançam as
danças sagradas. Mas os dois não se separam com o providencial apoio do palhaço e de seus jovens ajudantes.
(entrar
o fogo)
Cena
8
Eu sou eu, Macaúba é o coco – a Galera
chega para levar Caio de volta. E a luta começa. Mais fogo.
Cena
9
Tudo junto e misturado
A luta vai se transformando em
competição de habilidades. Malabares,
saltos. Todos se pintam e trocam
objetos: bonés por cocar, pulseira
por pulseira.....mp3 por chocalho....
E aí começam a se somar. Colunas, pirâmides e charivaris
de saltos.
O espetáculo termina numa grande ode à acrobacia de todos os tempos.
Das
Expedições Acrobatas na Curva do Tempo
Os quatro lugares que
serão palco das expedições são marcados pela diversidade da fauna, das riquezas naturais e dos sítios arqueológicos que
como um caldeirão de porções mágicas vão realimentar todos os momentos a serem
vivenciados nesta jornada de pesquisa, conhecimento e alegria...Não podemos
perder de vista a alegria que o circo inspira e que vai estar presente a todo o
momento nas longas caminhadas em busca dos movimentos circenses nas artes
rupestres.
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