segunda-feira, 3 de setembro de 2012




ROTEIRO DO ESPETÁCULO ACROBATAS NA CURVA DO TEMPO

Da Montagem do Espetáculo

O espetáculo estará sendo construído e ensaiado nos 4 sítios rupestres, precedido das visitas programadas para as pesquisas das artes rupestres que estarão sendo agregadas ao espetáculo.  A cada viagem e ensaio do espetáculo haverá uma apresentação de resultados para a comunidade de entorno do Sítio rupestre. A grande estréia será na cidade de São Raimundo Nonato.

Com o apoio do BNB Cultural, estaremos circulando este espetáculo após o término do presente projeto.

Todo o processo estará sendo registrado em vídeo, pois nossa instituição dispõe de um Laboratório de Imagem e Som- LIS, que disponibilizará todos os equipamentos necessários.

Os jovens que integram a experiência a cada expedição voltam com o desafio de montar o mesmo espetáculo com seus educandos em seus respectivos projetos, agregando a cada expedição os resultados obtidos, de forma que o processo de ensaio não pare em função das distâncias entre os projetos envolvidos, e essas trupes de aprendizes apresentarão também os resultados para suas comunidades em forma de aulas-espetáculos.


Roteiro do Espetáculo

ACROBATAS NA CURVA DO TEMPO – A GIRA DOS TEMPOS

O espetáculo é uma celebração do que é belo e bom.  O amor, a amizade, o riso solto, a festa e o encontro. O tempo não é uma linha que corre e vai deixando para trás tudo o que passou e já está lá na frente fazendo o futuro e esquecendo o presente. O tempo é curvo.  O tempo volta e se refaz outra fez, a cada vez, mais uma vez.

O tempo é roda, é gira, é espiral solta no ar. O que foi ainda é e sempre será.
Acrobatas são todos os que desafiam a lei da gravidade, que ficam de ponta cabeça e fazem um mundo ao contrário. Equilíbrio, força, flexibilidade e muita coragem é dessa matéria que são feitos os Acrobatas.

Nas pinturas milenares da Serra da Capivara encontramos nossos irmãos irmãs e com eles saltamos juntos prá dentro da vida. Vida Severina dizia o poeta, vida dura, vida de misérias e de pouco para ser divididos com tantos.... Mas é no salto que a Vida se faz mais vida, é na roda que ela se impõe ao medo e vence a morte.

Este espetáculo é dedicado a todos os que amam a vida e são capazes de dedicar toda a vida e defender que a Terra seja de todos. É especialmente dedicado aos que por séculos protegeram as pinturas de nossos antepassados e aos que ainda hoje lutam tanto para garantir que a voz escrita nas pedras chegue as novas gerações.


Roteiro do Espetáculo Acrobatas na Curva do Tempo
Roteiro baseado no resultado da Expedição Acrobatas da Serra da Capivara realizada pelo Instituto de Ecocidadania Juriti.

                                                                                  Alice Viveiros de Castro
Cena 1
(Som) – som de floresta, pássaros, pios, rio que corre manso, vento na folhagem, sons difusos que pouco a pouco incorporam alguns ritmos, batuques esparsos, sons na moringa e ao longe e discretamente um pedaço da melodia do canto dos krahôs.
(Fusão) o som vai se misturando, a percussão se intensifica e vai se transformando num moderno batidão. Hip hop, funk, qualquer coisa semelhante.

Cena 2
A Galera – a Galera chega para o baile. Estão felizes, brincam e logo começam a se exibir. Fazem juntos coreografias típicas, um faz o moon-walk, o outro ensaia umas acrobacias de hip hop, giros no chão, saltos, muita presepada. Todos se exibindo felizes.
No meio deles está Macaúba. O palhaço. Palhaço sem nariz, palhaço sem pintura. Todo sem jeito e muito feliz. Feliz demais. Riso solto, riso bobo. Que provoca o riso dos outros. E o tolo ri mais ainda.... ensaia uns passos malucos, erra a coreografia, se torce todo para tentar imitar os outros. Risos gerais e um grita, só para chatear: “Dança Macaúba!” ao que o palhaço imediatamente retruca, cheio de brios: “Eu sou eu, Macaúba é o Coco!”
Esse bordão acompanha o palhaço por onde ele for.
O grupo vai se desfazendo saindo de cena aos poucos. A luz é muito importante para fazer essas transições....

Cena 3
O Grupo – o grupo é formado por índios de diferentes matizes. A caracterização é sutil. São detalhes na cabeça, no pulso, nas pernas. Pinturas no corpo, mas sem exageros ainda. A música faz a transição e o grupo vai chegando, brincando e saltando. É preciso marcar que os saltos são bem livres, sem ponta de pé, sem abusar da linha.
E lá no meio do grupo, vestido de índio,mas, bastante ridículo vemos ele, o palhaço, aquele mesmo que era chamado de Macaúba.... E os amigos do grupo riem de seus pulos sem jeito, de sua cara de paspalho e logo alguém grita: “Pula, Embaúba!”. E o palhaço, cheio de brios retruca: “Eu sou eu, Embaúba é a árvore!

Cena 4
A mistura –
Com a ajuda dos telões para projeção, ou melhor, ainda com os tecidos que fazem parte do cenário começamos a projetar cenas da pré-história e de hoje.... Os grupos se misturam. A Galera fica na linha da frente do palco e o Grupo vai tomando a parte de trás. A luz separa os grupos e transforma o Grupo em algo etéreo, corpos em outra dimensão. A essa altura o grupo já está coberto de barro, o que aumenta a sensação de que eles são quase uma miragem.
Nesse momento podemos ter números diferentes. É importante ressaltar que para o desenvolvimento da história a ordem dos números não é tão relevante assim.  Podemos fazer um jogo de diabolôs, ou cenas de contorção que acontecem nos dois planos. Ou ainda utilizar outras habilidades do grupo. Equilíbrio de objetos; Dança na corda,duas cordas uma em cada zona e montar um número que se complemente e se espelhe..... muitas possibilidades. O que importa é que nesse momento a Galera e o Grupo estão em cena fazendo atividades semelhantes e complementares, mas ainda não estão juntos.
A única pessoa que consegue estar nos dois grupos ao mesmo tempo é o Palhaço. É o Carnaúba/Embaúba. Seus amigos não se dão conta de que ele passeia de um tempo para o outro.

Cena 5
Os meninos.
Carnaúba/Embaúba tem um amiguinho em cada um dos tempos. E ao passear entre os tempos acaba levando-os de lá para cá. Os dois se estranham, mas só um pouquinho.... Como meninos de todos os tempos logo ficam amigos inseparáveis.


Cena 6

Caio e Luz
Quando os grupos começam a sair de cena deixando Macaúba e os meninos para trás brincando subir um por sobre o outro, a luz vai se transformando e a música também. Em cena ficam Caio e Luz. É o amor atravessando o tempo. Pas de deux, mão a mão, tecido e corda. Os dois dançam ao som de Lua Morena.
Macaúba e os meninos trazem os potes de tinta e o casal se pinta.

Cena 7
Eu sou eu, Embaúba é a árvore. – o Grupo volta e tenta separar Caio e Luz. Cantam os cânticos sagrados e dançam as danças sagradas. Mas os dois não se separam com o providencial apoio do palhaço e de seus jovens ajudantes.
(entrar o fogo)

Cena 8
Eu sou eu, Macaúba é o coco – a Galera chega para levar Caio de volta. E a luta começa. Mais fogo.

Cena 9
Tudo junto e misturado
A luta vai se transformando em competição de habilidades. Malabares, saltos. Todos se pintam e trocam objetos: bonés por cocar, pulseira por pulseira.....mp3 por chocalho....
E aí começam a se somar. Colunas, pirâmides e charivaris de saltos.
O espetáculo termina numa grande ode à acrobacia de todos os tempos.

Das Expedições Acrobatas na Curva do Tempo

Os quatro lugares que serão palco das expedições são marcados pela diversidade da fauna, das riquezas naturais e dos sítios arqueológicos que como um caldeirão de porções mágicas vão realimentar todos os momentos a serem vivenciados nesta jornada de pesquisa, conhecimento e alegria...Não podemos perder de vista a alegria que o circo inspira e que vai estar presente a todo o momento nas longas caminhadas em busca dos movimentos circenses nas artes rupestres.

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